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Sala de Jogar e Outros Campos Minados
Por Douglas de Freitas
No ano em que completa 30 anos de produção, o artista Márcio Almeida apresenta no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães a exposição Sala de Jogar e Outros Campos Minados. A mostra é sem dúvidas uma oportunidade de mergulhar no universo do artista, agora convertido em uma grande exposição, composta por 35 obras de diferentes linguagens como desenho, objetos, escultura, instalação entre tantos outros meios.
As primeiras experimentações de Márcio na arte, através do desenho, permanecem visíveis como linha condutora em sua trajetória, mesmo quando as obras são instalações e objetos que ambicionam a cidade e o que nela acontece no âmbito social e político. O desenho como linguagem tem um importante papel de traduzir um pensamento, o pensar do artista, e torna-se assim presença certa em seus projetos, nos quais a ideia é o grande ponto de partida e é ela mesma a obra.
Grande parte dos trabalhos de Almeida operam a partir do princípio do readymade Duchampiano. O artista reconfigura e resignifica objetos dando outro valor e sentido através de sua prática. Coincidência ou não, o Xadrez, tão caro a Márcio, era também o jogo de Marcel Duchamp.
Com forte carga conceitual e postura crítica, seus projetos apontam um olhar sobre o atual, sobre questões que nos circundam no cotidiano da cidade e da vida. É um olhar generoso, compartilhado conosco, enquanto espectadores, e com outros artistas e agentes no fazer. Em sua trajetória Almeida foi um dos integrantes do grupo Carga e Descarga[1], importante coletivo artístico no Recife, assim como tem obras realizadas em parceria com os artistas Paulo Bruscky e Daniel Santiago.
Em Sala de Jogar e Outros Campos Minados, um dado importante parece traduzir o lugar de atuação do artista. Márcio Almeida assumiu o papel de curador, ele mesmo escolheu as obras que melhor representam o recorte conceitual por ele pretendido na mostra. Sempre se colocando como artista/autor/produtor, e agora como o próprio curador, Almeida traz para si sua autonomia na esfera da arte. É ele que define quais peões jogam em sua sala de jogar.
Douglas de Freitas
[1] O grupo Carga e Descarga era formado por Dantas Suassuna, Flávio Emanuel, , Márcio Almeida e Maurício Silvaa, atuou entre 1995 e 2000
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