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Euforia constante
Por Mauricio Silva
Márcio Almeida trilhou e demarcou seu caminho lado a lado com grandes expressões da “Vanguarda intratável”1. Seus “Objetos encadernados e outros objetos aparecem para nos inquietar. A beleza dessas peças está escondida e não existe um limite para isso – plasticidade ou utilidade. A idéia de acumular, acumulação de coisas que normalmente não se acumulam: mesa encadernadas, camisetas – corpo – comportamento.
Esta série de trabalhos de Márcio vem sendo desenvolvida desde 1996, quando o artista realizou uma instalação na Rua do Bom Jesus, em Recife, com toneladas de fardos de papel empilhados e numerados como “Arquivo 111” – aos mortos do Carandiru.
De lá para cá, outras idéias foram surgindo. Os filmes de PVC envolvendo objetos e formando veladuras, transparências com desenhos e textos. O trabalho “ Bas, Bes, Bis, Beuys, Bus“ consiste numa luva encadernada à outra, através de um espiral ( objeto infinito e carregado de simbologias), por cima do catálogo de Joseph Beuys. Há outros objetos como as caixas de metal “Ação-Marcação” e “Cohiba-Cobiça”, esta tem ligação com a Guerra Fria entre EUA e Cuba, obra que poderia ter sua data de realização em 1958, antes mesmo do autor ter nascido.
Na série “Ação – Marcação”, na qual o artista utiliza seu corpo deslocando-se numa Ação de marcar uma área de terra com GPS2 , as coordenadas precisas deste aparelho delimitam um espaço onde acumulam vários objetos, pessoas e animais, a propriedade é delimitada e passa a ser referência para a obra de arte.
Dando continuidade a esse pensamento, temos “Percurso de Intenções”, um jogo popular que consiste em atirar um ferro com ponta no chão, enfiando e marcando traços na areia. Este jogo, suas regras e toda a ação presentes em uma vídeo-instalação que aglutina toda a intenção toda a idéia de marcação delimitação que as outras obras, de outra maneira, mostram-nos.
É a produção recente de um criador que vem desenvolvendo um trabalho que sempre nos leva a pensar em Marcel Duchamp, que dizia, “minha arte seria a de viver; cada segundo, cada respiração é uma obra que não está inscrita em nenhum lugar, que não é nem visual nem cerebral. É uma espécie de euforia constante”3 .
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1.Expressão criada pelo filosofo norte-americano Arthur Danto.
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2.Instrumento de localização por satélite.
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3.Entrevista de Duchamp a Pierre Cabanne.